sábado, 12 de outubro de 2013

Análise da passada

Tal como tinha dito, durante a feira do corredor da Corrida do Tejo tivemos a oportunidade de fazer a análise da passada, tanto no stand da Nike como no do GFD (Gabinete de Fisioterapia no Desporto).

No stand da Nike corríamos numa passadeira enquanto era-mos filmados. No do GFD passava-mos em cima de uma "prancha" que estava ligada a um computador e dava uma podobarografia dinâmica.

Antes de mais importa saber quais os tipos de passada:


A verdade é que nunca liguei muito ao tipo de passada nem tão pouco ao tipo de calçado. Quando queria uns ténis novos comprava em função do aspecto e se me sentia bem com eles calçados. Sempre fui muito séptico relativamente a esta matéria. Acho que estes testes têm uma grande componente comercial e a maior parte só serve pra venderem mais. 

Mas na feira do corredor a análise era gratuita e não custava nada experimentar.
O primeiro foi o da Nike e assim que me preparo para descalçar e subir pra cima da passadeira o técnico disse-me logo: "tchiii, você corre com isso??? já viu bem o seu pé???" Devo ter ficado todo vermelho e pergunte-lhe qual era o problema. Tinha umas Skechers Go Run 2 calçadas. Segundo ele eu tinha uma grande pronação e aqueles ténis eram muito maus para mim. 

Assim que subi para cima da passadeira tive que me agarrar às barras laterais para manter o equilíbrio. O pavilhão da feira encontrava-se sobre um estrado de madeira e toda a passadeira oscilava de um lado para o outro para além de se encontrar ligeiramente inclinada para a direita. Senti-me logo de pé atrás quanto à veracidade da análise. A análise consistia em correr descalço enquanto uma câmera filmava as nossas passadas e posteriormente estas eram analisadas pelo técnico.
Após o primeiro teste o técnico escolhia uns ténis adequados à nossa passada e voltávamos a correr e a ser filmados para vermos a diferença. NOTA: enquanto estive a ver outras pessoas a fazerem o teste todas elas tinham de usar uns ténis diferentes daqueles que tinham calçados.Estranho não??

Eu a correr na passadeira.


O ecrâ onde era efetuada a análise e podiamos posteriormente ver os resultados.
No final o técnico perguntou-me se nunca tive nenhuma lesão, se nunca fiz entorses. Disse-me que tenho uma pronação tão acentuada à esquerda "que se tornava num quebra ossos" segundo ele.
Oh pobre de mim que sou um aleijadinho e tenho os pés tortos, não posso voltar a correr, penso eu. Mas, eis que o senhor se sai logo com uma panóplia de ténis fantásticos e ainda posso vir a ser um corredor fantástico. 

Análise do pé esquerdo. Em cima descalço, em baixo com os ténis recomendados.

Segundo o técnico sou pronador, especialmente acentuado à esquerda. Não posso usar os Skechers porque acentuam ainda mais a minha pronação a  não ser que seja em distâncias nunca superiores a 10 kms. Não posso ainda usar os Asics Nimbus que tenho porque também não são adequadas. O que posso usar são os ténis da Nike que ele me indicou, pelo menos 3 pares diferentes.
Resultado: fiquei pouco convencido, não gostei de fazer uma análise de passada numa passadeira tão instável e gostei menos ainda que o senhor dissesse mal dos meus skechers, por isso não vou seguir o conselho dele e comprar os ténis que me quis impingir :P
Depois passámos para o Stand da GFD. Aqui foram imparciais quanto a marcas. O método utilizado era a podobarografia dinâmica que mostrava qualquer coisa como isto:


Passávamos em cima de uma placa no chão a andar ou a correr e ficava registado no computador as zonas de mais incidência da passada. O problema é que quase não tinhamos espaço para dar mais de 2 passos e isso condicionou a forma como coloquei o pé em cima da placa. 
O resultado foi ligeiramente diferente do anterior. A técnica disse que era ligeiramente pronador, com pouca diferença entre o lado esquerdo e direito e que não devia comprar calçado para pronador mas sim neutro.

Resultado final: NÃO PERCEBO NADA DISTO! Fiquei a saber menos do que antes, por isso vou continuar a usar os meus ténis de sempre :)

Mas claro que tudo isto me despertou o interesse e dediquei algum tempo a pesquisar mais sobre o assunto. Pode ser que um dia faça uma nova análise com melhores condições e que seja imparcial, claro está.

Entretanto encontrei na net este teste, também ele de uma marca de ténis que me pareceu muito fixe.

A conclusão a que chego no final é que temos de ter antes de mais cuidado na escolha dos ténis que usamos, mas no sentido de nos sentir-mos confortáveis. E agora que toda a gente corre e que dizem que a corrida está na "moda" as marcas aproveitam-se mais ainda para vender. Por isso enquanto me for sentido bem com o que calço está tudo bem, e penso que cada um sabe quando o problema está no calçado, eu pessoalmente já pus de lado pelo menos três pares de ténis quase novos porque me estavam a magoar na corrida.

Até já e boas corridas!

5 comentários:

  1. Brutal, comigo aconteceu precisamente o mesmo! Também fui enchovalhado pelo gajo da Nike por usar os Sketchers GoRun por ter uma passada muito pronadora. No GFD mantiveram a teoria da passada pronadora. Ainda assim estou tentado a comprar os lunar glide pois eram mais confortáveis e em longas distâncias com os sketchers tenho tido algumas dores na canela.

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    1. Tenho umas Nike Dual Fusion ST2 bem antigas são de passada neutra e são as únicas Nike que tive e conheço pessoalmente. As Skechers só uso mesmo para distancias de até 10kms porque mais que isso acho que faz falta mais algum amortecimento. Mas as asics são as minhas preferidas de longe.
      Abraço João.

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  2. Na minha opinião o primeiro teste falha por querer corrigir o pé. A correção do pé não pode ser feita durante a corrida porque coloca o pé numa posição que exige adaptação. essa adaptação exige um esforço extra e pode doe. sou mais adepta da ideia de o ténis dar apoio e aliviar a carga do pé, joelho, coluna, etc, O trabalho de correção (quando necessário) e reforço do tornozelo/joelho devem ser realizados complementarmente primeiro e só depois integrados na corrida. por isso o 1º teste é bom, mas não para escolher uns ténis, sim para identificar um trabalho complementar a ser feito relativamente à corrida.
    No 2º teste não permite tirar grandes conclusões acerca da corrida, porque como disse, mal dava para dar 2 passos... Além disso, só avalia a distribuição de carga na planta do pé, então e o resto?
    Gostei muito do 3º teste, pois avalia várias variáveis e não se baseia apenas em 1 critério. Além disso, não se fica pela avaliação do apoio do pé, mas engloba ainda a flexibilidade geral e específica e alinhamento de todo o segmento inferior. Muito bom e prático de usar.
    Obrigada pela partilha :)

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  3. Uma pergunta amadora:
    É aconselhável corrermos em uma passadeira em exercícios de uma meia hora no máximo, descalço?
    Causará impacto nas articulações e coluna que não será aconselhável?
    Obrigado.

    Duarte

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  4. Boa noite.
    O impacto de correr descalço, a nosso ver, pressupõe sempre uma adaptação muito progressiva e individual, tendo em conta as particularidades do corredor e da sua "rotina de treino".
    Defendemos que a adaptação ao correr descalço talvez se deva iniciar num solo mais macio (como a relva) ao invés de se iniciar na passadeira em que o impacto é maior; que é um tipo de treino que se deve iniciar de forma progressiva (poucos minutos aumentados progressivamente de acordo com o feedback que recebe do seu corpo); que este treino ajuda no reforço de toda a estrutura ligamentar e muscular incluida na corrida e em especial na zona da tibio-társica mas que deve ser realizado com as precauções mencionadas, uma vez que grande parte de nós nunca se habituou a andar descalço.

    Obrigado,


    boas corridas :)

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